October 30, 2008

Forma

"Para se estudar qualquer coisa a primeira abordagem tem que ser feita através da forma (...) A partir do momento em que essas figuras ascendem ao espaço da arte e ao da sua substância específica, adquirem um valor novo, engendrando sistemas completamente inéditos.
Nós suportamos mal o imediatismo desses sistemas, o facto de eles serem fenómenos estranhos a nós. Teremos sempre a tentação de procurar para a forma um significado diferente do que ela tem e de confundir a noção de forma com a da imagem - que implica a representação de um objecto – e sobretudo com a do signo. Enquanto o signo significa algo, a forma não tem significado para além de si própria (...) A forma continua-se, prolonga-se, no imaginário, ou melhor nós consideramo-la como uma espécie de fissura, através do qual podemos entrar num reino incerto, que não é nem o espaço físico nem mental, é uma multidão de imagens que querem nascer (...) Ela tem um sentido, mas que lhe é intrínseco, um valor pessoal e particular, que não deve confundir-se com os atributos que se lhe impõem. A forma possui uma significação e o que recebe depois são acepções (...) Assimilar forma e signo é admitir implicitamente a distinção convencional entre forma e conteúdo, que nos pode levar por falsos caminhos, ao esquecermos que o conteúdo fundamental da forma é um conteúdo formal..."


FOCILLON, Henri, Vie des formes

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